O Presidente José Eduardo dos Santos recebeu hoje, em Luanda, garantias de segurança na vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), que lhe foram transmitidas por um enviado especial do seu homólogo, Joseph Kabila.
P udera! Quem lá manda é o regime angolano e, por isso, ou Joseph Kabila faz o que Eduardo dos Santos manda ou, é claro, corre o risco de ter, na melhor das hipóteses, de se exilar.
Em declarações à imprensa no final do encontro, o enviado especial, Nehemie Mwilanyam, chefe do gabinete de Kabila, disse que a mensagem escrita abordava o reforço das relações entre os dois países vizinhos.
Considerou ainda como calma a situação de segurança na RDCongo, apenas com focos de resistência do grupo rebelde ADF nalgumas localidades.
“Não obstante isso, podemos aqui dizer que a situação é calma porque a RDCongo é grande, comporta 145 localidades e nós constatamos que a nível de segurança não há tantos problemas”, frisou o enviado especial, Nehemie Mwilanya.
A situação de conflito na RDCongo, envolvendo grupos rebeldes, é uma das prioridades da liderança de Angola na Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), cujos chefes de Estado deverão reunir-se em Fevereiro, em cimeira, na capital angolana.
Recorde-se que o anterior presidente da RDCongo, Laurent Kabila, subiu ao poder graças à ajuda militar angolana. O exército angolano ofereceu a Kabila uma brigada de 3 mil homens muito bem armados e treinados. Na maioria, esses homens eram antigos gendarmes catangueses, desejosos de vingar a derrota sofrida frente a Mobutu quando foi da revolta do Catanga.
Kabila aceitou a ajuda desses militares mas, logo após a vitória, em Maio de 1997, dissolveu essa brigada porque a consideraria perigosa por suspeitar que seria leal aos interesses angolanos.
Kabila desconfiava do amigo angolano… e, assim, percebe-se melhor a forma como morreu assassinado em Janeiro de 2001.
Já Joseph Kabila mostra que é um bom aluno do mestre presidente de Angola, e do MPLA, partido está no poder desde no poder desde 1975 e cujas forças armadas, com mais de 100 mil efectivos, é das mais modernas e poderosas de África.
Também em matéria de liberdades Joseph Kabila mostra o que aprendeu com o mestre angolano. Recordam-se que ele mandou prender cinco jornalistas de uma televisão privada em Kinshasa depois da difusão de uma entrevista com um adversário político do actual Governo?
Tal como em Angola, então os jornalistas (essa espécie que deveria ser banida da face da terra) julgam-se no direito de entrevistar os adversários políticos do dono do poder? Onde julgam eles que estão?
Recordemos Novembro de 2008. A crise humanitária e a continuação dos confrontos militares na República Democrática do Congo justificaram uma intervenção “forte” de Luanda para apoiar Joseph Kabila.
Os confrontos entre a milícia Mai-Mai, aliada do Governo congolês, e os rebeldes tutsis do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), ameaçavam a dita “estabilidade”.
As hostilidades no leste era de tal ordem que não pouparam os funcionários da ONU que tinham chegado à região com o primeiro comboio de ajuda humanitária para os 250 mil deslocados concentrados na zona de Kiwanja.
Soldados uruguaios e indianos dos capacetes azuis da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC) tiveram de usar a força para resgatar 12 membros da missão humanitária que estava na área de Kiwanja, a dois quilómetros de Rutshuru, tomada pelos rebeldes tutsis em 26 de Outubro de 2008.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) confirmou que três campos de refugiados, perto de Rutshuru, tinham sido destruídos, causando a fuga de mais de 50 mil pessoas.
Por sua vez, os rebeldes da CNDP denunciaram a presença de soldados zimbabuanos e angolanos na província de Kivu Norte. Além disso, o chefe do contingente militar uruguaio da ONU em Kivu Norte, general Jorge Rosales, afirmou que os seus soldados foram atacados por tanques ruandeses, o que sustentou a acusação de que Ruanda apoia os rebeldes.
Sobre as acusações a Angola, alguns analistas angolanos disseram na altura que essa situação era “incontornável”. Graça Campos, director do “Semanário Angolense”, disse que Luanda só aguardava pelo “apoio formal” da comunidade internacional para enviar militares em apoio de Joseph Kabila.
Por seu lado, Nelson Pestana “Bonavena”, professor universitário, lembrava que “Angola é parte integrante da solução do conflito na RDCongo” frisando que Luanda “faz parte do sistema de sustentação de governação” daquele país.
“Angola é um aliado natural e forte de Kabila, pois tem participado em todos os processos de pacificação, na procura de entendimentos, e, obrigatoriamente, tem de participar nesse processo”, afirmou Nelson Pestana.